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Chapecoense: a tragédia virou drama

Um ano após o acidente com o voo do time na Colômbia, a extraordinária comoção que envolveu o mundo deu lugar à briga das famílias pela indenização

No rastilho da tragédia de 29 de novembro do ano passado, a comoção espalhou-se em ondas por todo o mundo. A hashtag #ForçaChape e suas variantes passaram a ser reproduzidas nas redes sociais, em manchetes de jornais, em faixas, em camisas, em luminosos projetados em monumentos históricos. A queda do avião da companhia boliviana LaMia na região montanhosa perto do Aeroporto Internacional de Medellín, na Colômbia, matou 71 pessoas, entre jogadores e comissão técnica da Chapecoense, jornalistas e tripulação. Houve apenas seis sobreviventes. Em poucas horas, um clube pequeno da cidade catarinense de Chapecó, que voava para a sua primeira final internacional, a da Copa Sul-Americana, ganhou notoriedade que jamais conquistara, e do modo mais estúpido possível. Os cinco dias entre o acidente e o funeral coletivo pareciam reproduzir uma frase do colombiano Gabriel García Márquez: “O amor se torna maior e mais nobre na calamidade”. Na cerimônia realizada no mesmíssimo local e horário em que deveria acontecer a partida contra o Atlético Nacional, o então ministro brasileiro das Relações Exteriores, José Serra, resumiu de modo genuíno e bonito o sentimento predominante: “Neste momento de tristeza para as famílias e para todos nós, as expressões de solidariedade que encontramos nos oferecem um grau de consolo imenso, uma luz na escuridão, quando estamos todos tentando compreender o incompreensível”.

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Exato um ano depois, quando todos ainda tentam compreender o incom­preen­sível, a tragédia virou drama, e aquele amor que parecia não caber em si virou outra coisa. O choro se traduz em reclamação. A solidariedade agora é desconforto. O consolo deu lugar a uma nítida sensação de injustiça. #ForçaChape é apenas uma fotografia na parede, um post no Facebook esmaecido pelo tempo. Até a terça-feira 21, a Chapecoense já havia sido acionada judicialmente em quinze processos trabalhistas movidos por parentes de jogadores e funcionários do clube. Outras sete ações cíveis foram abertas pelas famílias de jornalistas que estavam a bordo da aeronave. As indenizações podem superar a casa de 1 bilhão de reais, considerando o valor do salário das pessoas embarcadas, a expectativa de vida de cada um e os danos morais provocados pelo desastre. Esse montante em ressarcimentos equivaleria à inviabilização da Chapecoense, que inapelavelmente teria de fechar as portas. “Faremos todo o possível para agilizar o andamento das ações”, garante o atual presidente da Chapecoense, Plínio David De Nes Filho. “Esperamos dar o que merecem por justiça.”

Reportagem de VEJA mostra como está o caso um ano depois do acidente e ouve depoimentos de quatro familiares: a mãe do goleiro Danilo, o pai do zagueiro Filipe Machado e as viúvas do meia Cleber Santana e do atacante Kempes.

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